Por ser uma cidade sem dono, Brasília corre o risco de implodir

Por Wílon Wander Lopes (*) 

   Cinquenta e três anos depois de inaugurada, Brasília se vê num impasse. Por um equívoco que se mostra desastroso, construída para ser capital federal, virou também capital distrital. E esta dupla condição encheu suas ruas de gente e de carros que, buscando resolver problemas distritais na capital federal, se deslocam das cidades-satélites para o Plano Piloto, inviabilizando a Brasília que Lucio Costa projetou. Juscelino deve estar se revirando no túmulo: com o tempo e o descaso de sucessivos governantes, Brasília ficou mais distrital do que federal.

Mais um escândalo reclama a solução que já está na lei

    Os cidadãos de Brasília erguíamos a cabeça quando, Brasil afora, alguns engraçadinhos, ao relatar os tristes fatos que mancham a Praça dos Três Poderes, falavam que Brasília era a “capital da corrupção”. É que a nossa resposta estava na ponta da língua: “os corruptos vêm de fora!”

Equívoco histórico

Brasília foi construída para ser capital federal, mas, por falta de atenção dos governos distrital e federal, cresceu além da conta, transformando-se mais em capital distrital. E o pior é que teve seu limitado território tomado por milhares de pessoas e veículos que se deslocam, todos os dias, para a capital federal com o objetivo de resolver problemas de ordem distrital.

Interdependência

Estrategicamente, o Distrito Federal ficou mais importante do que a Brasília capital. Se as cidades-satélites e o chamado Entorno dependem economicamente dos recursos dos funcionários da Brasília capital, esta depende das pessoas que moram nas cidades circunvizinhas para que o lado humano da Capital da Esperança continue funcionando.